quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Papel

 

Eu gosto de papel. Gosto de manipular, gosto do cheiro, gosto das diferentes texturas, muitas vezes decorrente do envelhecimento, gosto até mesmo do som do papel.

Sim, papel pode emitir um pouco de som. Não sozinho, mas ao ser manipulado. Principalmente em resmas, ao ser dobrado e, o meu favorito, ao ser cortado.

Dia desses estava me lembrando de quando trabalhava junto com o pessoal da arte lá na editora. É muito comum eles precisarem montar bonecos pra mostrar como o material vai ficar impresso e encadernado. Eles imprimem tudo, cortam as bordas de sobra, colocam espiral e voi lá, um boneco lindo pros superiores verem como o livro pronto vai ficar um chuchuzinho, ou não.

Essa parte de tirar as bordas chama refilar e eu adorava ouvir o pessoal da arte refilando papel. Refilar é muito simples, basta colocar uma régua nas marcas de referência e passar o estilete pra cortar. Guilhotina também serve, mas o som não é tão bom. O melhor som é quando o papel é cortado pelo estilete, preferencialmente um pedaço grande, com mais de 30cm. Várias vezes, enquanto eu estava trabalhando, pausei a música só pra ouvir o som do papel sendo refilado. Dá pra dizer que essa era uma das poucas coisas boas de se trabalhar interno naquela editora. Mas isso é assunto pra outro post.

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